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Michel Arnoult e Mobília Contemporânea

SC, RJ e PR

Michel Arnoult nasceu em Paris no ano de 1922. Durante a Segunda Guerra seu pai conseguiu sua dispensa do serviço militar. Assim, Michel foi mandado para Alemanha e passou a trabalhar em uma fábrica de móveis de um amigo de seu pai. Nesta fábrica trabalhou na seção de máquinas, no escritório administrativo onde organizava a produção e assim conheceu o funcionamento de uma indústria de móveis.

De volta a França, decidiu se tornar designer de móveis e foi estudar na Escola Camondo (centro técnico e artístico que visava formar decoradores de interiores).

Enquanto estudava nessa escola, venceu um concurso cujo prêmio era trabalhar em uma empresa mexicana, Bloch. E assim o fez no ano de 1947.

Trabalhou durante uma ano nessa empresa no México e depois partiu com seus amigos em uma viagem pela América Central e do Sul, chegando ao Rio de Janeiro em 1950, atraído pelo trabalho de um de seus ídolos, Oscar Niemeyer.

Foi direto trabalhar com Oscar e estudar na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil.

Esses tempos foram decisivos na vida de Michel Arnoult, o Brasil passava por grandes transformações e a arquitetura moderna crescia no país. Porém eram grandes as reclamações dos arquitetos referentes a falta de móveis compatíveis com os projetos que faziam. Assim, muitos acabaram enveredando-se pelo caminho do design de moveis como, Jorge Zalszupin (L´Atelier), Zanine Caldas (Móveis Z), Lina Bo Bardi entre outos.

Antes de terminar o curso de arquitetura Michel associou-se ao arquiteto escocês Norman Westwater, que trabalhava como

cenógrafo e os dois começaram a projetar móveis e conseguiram que marceneiros, ex funcionários da Fábrica de Móveis Cimo, os fabricassem.

O mercado era promissor com a verticalização das cidades.

O primeiro nome da empresa era Forma, usado até o final de 1954, com cadeiras e mesas pés palito e estantes formadas por montantes de madeira semelhantes aos móveis da Unilabor. Depois, seu nome teve que ser modificado pois outra empresa de móveis modernos já havia registrado. Foi aí então que os sócios adotaram o nome de uma linha desenhada por eles em 1956: Mobília Contemporânea (MC).

Os móveis da Mobília Contemporânea eram fabricados em Curitiba pelos ex marceneiros da CIMO, que também criaram uma empresa a Gonçalves & Chaune. Assim eles abriram uma loja na capital paranaense.

Não demorou para terem uma loja em um endereço privilegiado de São Paulo, Av. Vieira de Carvalho, centro elegante da Capital. Estava inaugurado o show room da Mobília Contemporânea em 1955. Loja essa destinada a um público jovem, eram professores, profissionais liberais, e intelectuais. Inaugura também neste período mais duas lojas em São Paulo e outra no Rio de Janeiro.

Arnoult produzia móveis para serem duráveis e rejeitava a ideia do consumismo desenfreado apregoada em países já desenvolvidos e que representava em alguma medida o quanto determinada sociedade havia avançado economicamente.

No ano de 1970, a Mobília Contemporânea sofria com a concorrência, então criaram a poltrona Peg-Leve, móvel desmontável para ser vendido em supermercados. Em termos funcionais, o projeto era muito bem sucedido, infelizmente esse exemplo de boa concepção não foi aceitopelo mercado e em 1973 sua empresa encerrou atividades.

Arnoult então passou a trabalhar como designer na Fábrica de Móveis Senta, permanecendo até o final dos anos 1980, quando passou a trabalhar de forma independente mantendo sua obsessão pela criação de móveis adequados ao país e à época, A partir do final década de 1980, passa a criar móveis com eucalipto replantado em respeito a problemática ecológica.

Foi o ganhador do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira em São Paulo (17ª Edição – 2003) com sua Poltrona Pelicano, feita com lona de algodão, que não esquenta no calor, costurada em forma de saco, estrutura de madeira ecologicamente correta, conceito pelo qual o autor tinha muita estima em razão da síntese: praticidade, beleza e baixo preço.

Aproveitando conceitos criados no início da industrialização e que se mantêm até hoje como índice de eficiência na produção em série como a modulação e a redução no número de peças, a Mobília Contemporânea ajudou a indústria moveleira do Brasil a quebrar conceitos ultrapassados de projeto e produção.

Obras da Mobília Contemporânea que estão ou que passaram pelo nosso acervo

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